domingo, 27 de julho de 2008

Road Brewer ou Cervejeira itinerante!

Dia desses esbarrei na Internet com uma notícia que me deu certa “inveja”, dessas que a gente gosta de dizer que é inveja boa: uma americana, mestre-cervejeira por 17 anos numa mesma empresa (a Steelhead Brewing Company), largou tudo e se lançou no que ela batizou de Road Brewer. Uma viagem de cinco meses por cervejarias norte-americanas e canadenses, costa a costa! Só visitando cervejarias, observando processos e saboreando diferenças! Tudo o que qualquer apaixonado por esta bebida deseja! Teri Fahrendorf colocou o pé na estrada em junho de 2007 e organizou toda a informação num bem estruturado e agradável site, onde é possível acompanhar o mapa, as fotos, o diário de bordo e dezenas de dicas sobre cerveja e cervejarias! Fiquei horas viajando com ela...

E esta experiência me fez pensar sobre as mulheres que conheço ou de quem ouço falar que não só são ótimas companheiras de chopp e cerveja, como mergulharam na especialidade, são mestres-cervejeiras talentosas e premiadas, professoras, consultoras... e tantas outras anônimas galgando os degraus da carreira... Cerveja há muito deixou de ser "coisa de homem". Aliás, se pensarmos na história da fabricação desta bebida, nunca foi coisa de homem... (mas isso é outro assunto ao qual certamente voltarei!).

De tanto ouvir em sua viagem a pergunta "Quantas mulheres cervejeiras existem?" a própria Teri fundou em abril deste ano The Pink Boots Society, durante a Craft Brewers Conference, em San Diego, California. Participaram 16 cervejeiras/donas de cervejarias (brewers/cellarwomen) e seis mulheres escritoras e jornalistas de cerveja. Na constituição da sociedade, ficou decidido que podem participar e votar mulheres que trabalham ou trabalharam na produção da cerveja no mundo inteiro! É impressionante a lista worldwide! A brasileira Cilene Saorin está lá!

E nesta sociedade encontrei também a jornalista americana especializada em cerveja (!) Carolyn Smagalski, que mantém uma das mais conceituadas e premiadas publicações eletrônicas norte-americanas sobre cerveja e sua fabricação, o site Bella On Line. Ela assina um artigo interessante, chamado “A Classic Beer Guide for Women” (“Um Guia Clássico de Cerveja para Mulheres”). Vale conferir.

No próximo post vou falar do produto nacional: as mulheres cervejeiras e "cervejófilas" brasileiras!
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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Quanto demora para eliminar o álcool do organismo?

A médica fisiatra Júlia Greve, do Departamento de Álcool e Drogas da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) tem sido exaustivamente requisitada pela mídia por conta da nova lei instantaneamente batizada de Lei Seca. Ela já deu diversas entrevistas. Finalmente, meu amigo o jornalista Diego Ramos conseguiu uma brecha na agenda dela e a entrevistou, a meu pedido, com exclusividade para nossos leitores e leitoras.

De acordo com a Dra. Júlia Greve, até mesmo durante a ressaca o bafômetro - apelido popular do etilômetro - é implacável e poderá registrar vestígios de álcool no corpo.

Como não é permitido o menor indício de álcool no organismo, para dirigir, é preciso ter em mente que uma bebida alcoólica demora cerca de seis horas para ser eliminada pelo organismo. O mais garantido é que, de uma maneira geral, o motorista só volte a dirigir depois de 24 horas da ingestão. “Se estiver de ressaca e com sintomas provocados pela grande quantidade de álcool consumida, o melhor é ficar em casa”, afirma a fisiatra. E eu completo: se precisar se deslocar, saia de carona ou táxi.

Dra. Greve deu uma dica específica sobre chopp: para aqueles que voltarão dirigindo, depois de um período longo em uma reunião onde todos estão tomando chopp, é possível beber um copo (apenas um), na primeira hora. Desde que acompanhado de bastante comida e outras bebidas não alcoólicas. “O segredo é não tomar de estômago vazio. O exame avalia a quantidade de álcool que está no organismo”, lembra Greve. O que não pode acontecer é a ingestão do chopp com menos de uma hora e meia antes de dirigir. Desta maneira, é claro que deixará rastro no exame.

Volto a recomendar: quem gosta de chopp, além de apreciar a bebida, com toda a certeza valoriza a convivência, a alegria e os amigos. Portanto, vamos preservar isso e exercer a solidariedade. Voto pela instituição da direção solidária: a cada encontro, uma alma caridosa é escolhida ou se oferece para abstinência (motorista de plantão). E os amigos, em agradecimento, pagam a conta de refrigerantes e água deste santo ou desta santa.

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Efeitos ocasionados pelo excesso de álcool:

ATENÇÃO:
  • 0,2 a 0,3g/l (1 copo cerveja ou 1 cálice pequeno de vinho): as funções mentais começam a ficar comprometidas. A percepção da distância e da velocidade é prejudicada.
  • 0,31 a 0,5g/l (2 copos cerveja ou 1 cálice grande de vinho): o grau de vigilância diminui, assim como o campo visual. O controle cerebral relaxa, dando a sensação de calma e satisfação.
  • 0,51 a 0,8g/l (3 ou 4 copos de cerveja ou 3 copos de vinho): reflexos retardados, dificuldades de adaptação da visão a diferenças de luminosidade; superestimação das possibilidades e minimização de riscos; e tendência à agressividade.
  • 0,81 a 1,5g/l (grandes quantidades de bebida alcoólica): dificuldades de controlar automóveis; incapacidade de concentração e falhas de coordenação neuromuscular.
  • 1,51 a 2g/l (grandes quantidades de bebida alcoólica): embriaguez, torpor alcoólico, dupla visão.
  • 2,1 a 5g/l (grandes quantidades de bebida alcoólica): embriaguez profunda.
  • acima de 5g/l (grandes quantidades de bebida alcoólica): coma alcoólico.
Fonte: Detran

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SAIBA MAIS:

Aproximadamente 90% do álcool é absorvido em 1 (uma) hora. O processo de absorção do álcool é relativamente rápido. O mesmo não ocorre com a eliminação, que demora de 6 a 8 horas e é feita através do fígado (90%), da respiração (8%) e da transpiração (2%).

Fonte: Detran

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Bem, com estas informações, espero ajudar a manter em ordem o ritual do nosso maior prazer: o chopp!

Deixe seu depoimento e ajude a incrementar as informações sobre esta nova lei de trânsito e as soluções criativas que você conhece ou ajudou a encontrar.

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Fontes: Site de notícias Ultimo Segundo, G1, Detran e ABRAMET
Pesquisa: Diego Ramos
Ediç
ão: Micheline Christophe

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Lei Seca e o Prazer de um Chopp: uma questão de responsabilidade

Ninguém em sã consciência pode sequer criticar a iniciativa da Lei Seca, muito menos condená-la. Lamentável é a necessidade de se ter uma lei para coibir excessos. O comportamento responsável e saudável deveria ser prática generalizada, já que além de tudo, se trata de instinto de sobrevivência. Quem sabe um dia...

Pensando no rigor e adequação desta Lei, e em como preservar o prazer de apreciar um copo de chopp inofensivamente, corri atrás de informações, pesquisei no Detran, em sites de notícias, acionei minha rede de contatos, e até consegui uma entrevista exclusiva com a Dra. Júlia Greve, do Departamento de Álcool e Drogas da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), com a ajuda de meu amigo o jornalista Diego Ramos.

Tudo isso para poder organizar a informação e orientar quem aprecia a bebida da Deusa Ceres, a nossa cultuada cerveja, irmã do chopp que tanto apreciamos. É muita informação e por isso vou dividi-la em alguns posts, para não abusar da paciência de meus leitores e leitoras.

Primeiro, um resumo sobre a que ficou imediatamente consagrada como "Lei Seca":

A nova medida publicada no Diário Oficial da União entrou em vigor no dia 20/6/2008 e não admite nenhuma quantidade de álcool no organismo do motorista.

Estarão infringindo a lei aqueles que forem apanhados pelos testes de bafômetro (aparelho que mede a concentração de álcool no sangue através do ar expirado, cujo nome técnico é etilômetro) com uma quantidade de 0,2g/l de álcool por litro de ar expelido pelo motorista. Em uma situação como esta, a penalidade aplicada será multa por infração gravíssima (no valor de R$ 955) e o motorista terá suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por um ano.

Testes acusando índices superiores podem levar à prisão em flagrante ou a processos com penas variando entre seis meses e três anos de detenção.

Trata-se de uma grande mudança, pois a lei anterior permitia até 0,6g/l por litro de sangue.

Como é nos outros países? Política de sinalizaç
ão e designated driver

Já sairam nos jornais e na mídia em geral, TV, rádio e Internet, comparações com leis similares em outros países e não vale a pena ficar repetindo aqui.

Mas eu gostaria de chamar a atenção para uma coisa que acho que poderia ser um bom exemplo a seguir entre nós: a política de sinalização de quantidade/dose de bebida a ser ingerida, adotada em alguns países, como por exemplo a Austrália.

Explico:
Na Austrália, a lei em vigor apresenta uma tolerância de até 0,5g/l, o que é menor do que nossa lei anterior e a fiscalização sempre foi efetiva e rigorosa, como atesta o jovem jornalista Diego Ramos, que lá passou dois anos. A indústria da cerveja faz a sua parte nesta história, estampando no rótulo das garrafas um indicativo de quantas doses estão sendo ingeridas, de acordo com o teor particular de cada bebida.

Por exemplo, uma garrafa de cerveja Long Neck com teor alcoólico de 3,5%, representa 1 dose de bebida. Já a mesma garrafa de uma cerveja mais encorpada, com teor de 5%, representaria 1,5 doses de bebida.

Desta maneira, é possível ingerir uma ou duas doses de bebida antes de dirigir e não extrapolar o limite estabelecido pela fiscalização. Com a ajuda dessas informações que aparecem nas embalagens, é possível controlar a quantidade de bebida ingerida pelo condutor antes de dirigir.

Assim, as pessoas acabam controlando o consumo de uma maneira simples: os homens podem tomar no máximo, duas doses de bebida na primeira hora e uma a cada hora seguinte. Para as mulheres, é um pouco diferente: apenas uma dose a cada hora.

É bom que se diga que não se trata de proteção sexista. A diferença está relacionada ao peso e à massa corporal de cada um. Seguindo esta receita, os australianos convivem bem com a restrição de trânsito imposta em seu país.

Já na Inglaterra a coisa funciona de maneira bem parecida, como me contou Andy Stinchcombe, gerente de restaurante/pub na pequena cidade de Bath, a cerca de duas horas a sudoeste de Londres. As pessoas levam muito a sério a restrição de bebida e álcool, e nenhum pub fechou as portas nem deixou de vender bebida. Há a mesma orientaç
ão nas costas dos rótulos das bebidas, em unidades etílicas, mas, para um pint, das draft beer (nosso chopp), não há indicação. Vale o bom senso e a responsabilidade. Entre os amigos dele e entre os freqüentadores do restaurante que ele gerencia, funciona a mesma regra: um é escolhido para dirigir e não pode beber. Até nome este anjo da guarda tem: designated driver. Segundo Andy, as campanhas são tão fortes, com imagens tão eloqüentes na televisão que ninguém pensa em burlar a lei. Ao volante, simplesmente não se bebe ou se pega um táxi.

Na Holanda este designated driver ganhou uma sigla: é BOP, das iniciais de Bewust Onbeschonken Persoon = Pessoa Não Alcoolizada. Edgar Sabbagh, brasileiro de m
ãe holandesa, que viveu vários anos da adolescência lá, informa que algumas casas noturnas têm até um local especial para "juntar a galera que não está bebendo". Uma boa forma de socializar e fazer novos amigos... e até azarar!

Como poderia ser entre nós (minha sugestão):

1) Aos poucos, a indústria nacional poderia adotar o mesmo comportamento nos rótulos das nossas cervejas, e mais: que se imprimam nas bolachas de chopp a equivalência de teor alcoólico aproximado no ar expelido.

2) Mas definitivo mesmo é exercer a solidariedade e fazer como muitos jovens já fazem aqui: a cada chopada ou noitada, um é escolhido para ficar inteiramente abstêmio (motorista de plant
ão) e os demais pagam a conta de seus refrigerantes e águas. Com este rodízio, não há risco e o prazer da degustação se mantém!

Fico hoje por aqui e no próximo post continuo com as informações da Dra. Júlia Greve, médica fisiatra da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

Saúde!