quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Embriaguês e transcendência determinaram a evolução

Semana passada li com curiosidade - e confesso, com um pouco de incredulidade -, no Jornal O Globo, a notícia distribuída pela agência EFE sobre o lançamento do novo livro do biólogo alemão Josef Reichholf, onde ele afirma que a revolução do Neolítico se deu pela busca da embriaguês e não do alimento.

Explico: desde a escola a gente aprende que o ser humano deixou de ser nômade quando por fim domesticou as plantas e os cereais e conseguiu cultivá-las para se alimentar. Ou seja: quando inventou a agricultura!

Até aí tudo bem, acho que todos concordamos. na associação entre sedentarismo e agricultura. As professoras diziam que foi a escassez da caça e a abundância de frutas que fez o grupo humano literalmente fincar raízes.

Aí vem este cientista alemão e discorda radicalmente: ele diz que não existe isso de escassez de caça e abundância de frutas, as duas circunstâncias não podem ocorrer ao mesmo tempo. E mais, e esta é a parte surpeendente: que a busca não era por alimento (isso havia, ou as colheitas eram tão pequenas no início que não justificavam o sedentarismo) e sim pela transcendência do corpo, provocado pela bebida fermentada e pelos cogumelos... E quem dominava esta técnica eram os xamãs do mundo antigo.

Fui pesquisar, para trazer este comentário mais completo para vocês. E descobri que Josef Reichhof não é pouca coisa! Recebeu prêmios, é especialista em biologia evolutiva, tem vários livros publicados, tem PhD (= é doutor!), dá aulas em universidade, e seu maior mérito é traduzir para a linguagem leiga conceitos bem complicados de sua área. E derrubar mitos! Seus livros são traduzidos para vários idiomas.

Mas tem mais: o cientista alemão não está sozinho nesta teoria, nem ele a tirou da cartola! Em 1988, na Universidade da Pennsilvanya, nos Estados Unidos, o Professor Solomon Katz, já defendia em artigo a idéia de que o ser humano passou a cultivar a terra mais pelo desejo de produzir cevada do que para assar pão!

Vai ver eles têm razão, mesmo... Você sabia que a receita mais antiga do mundo não é de comida? É dela... a cerveja! Gravada numa plaquinha de gesso encontrada na Mesopotâmia, na região onde hoje é o Iraque. Taí a foto pra provar!

Gostei desses professores. Como dizia o escritor francês Alphonse Karr, lá no século XIX em plena Revolução Francesa, "plus ça change, plus c'est la même chose". Ou seja, "quanto mais mudamos, mais somos os mesmos"! Deve passar pelo DNA esse gosto pela cerveja! Tá explicado!

Ainda bem!

Saúde!

Jean-Claude

Nenhum comentário: