terça-feira, 24 de junho de 2008

Chopp, Cervejas e Copos

É impressionante como o formato e o material do copo em que se saboreia um chopp ou uma cerveja fazem diferença na percepção do paladar e do aroma. Os nossos amigos enólogos e enófilos sabem disso há mais tempo do que nós, cervejeiros e cervejófilos.

A partir de uma conversa com meu amigo Jorge Brauniger, proprietário do excelente Biergarten localizado em Mury, o Braün & Bräun, onde ele aumenta cada vez mais as opções de cervejas disponíveis para degustação (eram 135 há dois anos, agora já são 230!), resolvi lhe encomendar um pequeno texto para apresentar aos leitores os diferentes copos que se podem usar para chopp e cervejas. E Jorge, que é tão detalhista, acabou me enviando uma verdadeira aula. Fiquei com pena de cortar pedaços, "editar" como se diz no jargão dos redatores. Por isso, ofereço-lhes na íntegra e em primeiríssima mão este excelente artigo de Jorge Brauniger: "Chopp, Cervejas e Copos". Acrescentei as imagens dos copos para ficar mais concreto.

---------------------------

"O ato de saborear uma cerveja (ou degustar, dependendo do grau de sofisticação desejado) pode parecer excessivamente simples para muitos, na medida em que tudo não precise ir além da compra de uma garrafa, do esforço mínimo para abri-la e de tomar o seu conteúdo.

Ocorre que, para um número cada vez maior de pessoas, este ato adquiriu o mesmo grau de complexidade atualmente atribuído à degustação de vinhos.

Isto se deve ao nível crescente de sofisticação que vem sendo acrescentado à produção da cerveja onde aspectos de tonalidade, aparência, aroma, sabor e densidade passaram a compor com grande relevância a confecção de choppes (para aderir à grafia da COLDMIX, de meu amigo Jean-Claude, autor deste blog) ou das suas filhas, as cervejas.

Assim, quase que em paralelo com a expansão dos níveis de produção e requinte no consumo dos vinhos, a variedade e a sofisticação também tocou o mundo das cervejas, que passaram a ocupar espaço num cenário que reflete as suas diferenças e reconhece suas características de produto igualmente refinado.

Como todo produto sofisticado, o simples ato de consumir uma cerveja, agora diferenciada, também teve que assumir ares de ritual, coerente, sobretudo com suas novas características e preços.

Neste bojo, foram desenvolvidos e amplamente difundidos copos especiais adequados aos principais tipos de cervejas, da mesma forma como foram adotados procedimentos para servir e tomar algumas como as Weinzenbier, as Bocks etc.

Talvez com menos complexidade, mas com igual objetividade, o mesmo acontece com o chopp, onde as alternativas de formato e tamanho do copo são muitas vezes determinadas por fatores como temperatura ambiente ou a rapidez com que se consome o produto. Quanto
mais quente a temperatura ambiente, mais indicada se torna a mini caldereta, vulgo garotinho, para muitos, já que a quantidade de líquido é menor e pode ser consumida antes que esquente. Os copos mais longos podem ser ideais para locais onde a temperatura não esteja tão quente ou quando o consumidor for do tipo mais sedento, ávido por volumes maiores deste líquido sempre precioso.

Assim, independente de estarmos falando de chopp ou de cerveja, alguns aspectos importantes relacionados com os copos não podem ser negligenciados, dentre eles, o preceito básico de que o copo esteja bem limpo, lavado com um bom detergente que não contenha gordura animal na sua composição, já que óleos e gorduras deixam resíduos que arruínam o corpo da cerveja. Os copos devem estar bem secos, e neste ponto abre-se uma grande divergência entre bons e sofisticados consumidores de cerveja. Trata-se do resfriamento dos copos colocando-os no freezer. Para alguns, este artifício é fantástico, enquanto que outros simplesmente o abominam sob a alegação de que esta prática faz com que os copos fiquem numa temperatura inferior à do líquido no momento em que este é colocado no copo resultando daí uma condensação indesejável, que pode interferir na estrutura da cerveja.

Vários formatos de copos servem diferentes tipos de cervejas, e, exatamente como ocorre no mundo dos vinhos onde existem taças para tintos, brancos, espumantes, licorosos etc., atualmente cada tipo de cerveja pede o seu copo adequado.

O mais utilizado é sem dúvida o Copo tipo Pilsner, aquele que serve os choppes claros ou as cervejas do tipo pilsen, mais conhecido, entretanto, como Tulipa, que permite a formação de um bom creme.

Para os choppes ou cervejas de trigo, (weizen ou witbier) os copos próprios em formato de vaso possibilitam um bom visual da bebida e o acompanhamento da expansão do creme.

Outros copos que vêm se tornando mais comuns, pois acompanham a expansão na oferta das cervejas importadas, sobretudo inglesas, são os cilíndricos conhecidos como Pint que comportam uma quantidade maior de líquido.

Taças tipo Flauta (ou flûte) usadas para servir espumantes ou champagnes, vêm sendo adotadas com muito sucesso para cervejas mais sofisticadas como algumas austríacas ou escuras alemãs.

O cálice de superfície ampla é muito usado com as trapistas belgas, sobretudo com algumas frutadas, pois mantêm o aroma e preservam o creme.

Já o copo conhecido como da Cerveja Bock e que lembra um copo de conhaque, tem um formato excelente para capturar os aromas das cervejas fortes".


-------------------------

Autor do texto Chopp, Cervejas e Copos: Jorge Brauniger, proprietário do Braün & Braün, Biergarten em Mury, RJ, onde se pode saborear 230 opções diferentes de cervejas, nacionais e importadas, inclusive artesanais e de micro-cervejarias.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Cerveja: bebida dos deuses, homenagem à Deusa Ceres

Você sabia que não só nós, os apreciadores de cerveja e chopp, acreditamos que a bebida é “dos deuses”, mas os romanos a batizaram em homenagem à sua deusa Ceres, da fertilidade e agricultura?

Pois é, depois de longos milênios desenvolvida e apreciada entre os povos do Oriente (Mesopotâmia e Egito), a cerveja se popularizou no mundo antigo graças à expansão do Império Romano, que a levou por toda parte onde ainda não era conhecida. Consta que o Imperador Júlio Cesar, depois de atravessar o Rubicão, em 49 a.C., comemorou em grande festa, com seus comandantes, onde a cerveja era a estrela entre as bebidas. Diz-se que Júlio César apresentou a bebida aos britânicos, que até então só tomavam leite e licor de mel (chamado hidromel).

Os gauleses (ancestrais dos franceses) também devem aos romanos ter sido apresentados a tão saborosa bebida fermentada da cevada, que conheciam por seu nome latino “cerevisia” ou “cervisia”, em homenagem a Ceres, a deusa romana da agricultura e da fertilidade. Isso não é suposição, podemos retraçar a história da cerveja através do relato dos historiadores antigos, como Plínio e Catão, o Velho, que relata que a cerveja era a bebida nacional dos gauleses que “tomavam continuamente um vinho de cevada, capaz de gerar embriaguez”.

Vinho e cerveja disputavam a preferência dos romanos por alguns séculos. A cerveja era produzida onde não se conseguia produzir vinho. Mas, com o tempo e a expansão do Império, a cerveja passou a ser a bebida preferida, por todas as classes. Seu consumo era tão grande que data desta época uma das primeiras leis de que se tem notícia para regular o setor e controlar os preços, promulgada pelo Imperador Diocleciano. E esta legislação já distinguia as duas principais espécies da bebida: a cerveja clara e a escura.

Esta história continua até hoje: chopp claro ou escuro? Em tulipa ou caldereta?

Aguarde em breve dicas sobre o melhor copo para apreciar chopp e cerveja;

E por hoje uma dica dos mestres cervejeiros: se alguém quiser fazer charme com você e lhe oferecer um copo gelado para tomar sua cerveja ou chopp, recuse! O contato da cerveja com a temperatura do copo produz condensação que diluirá a bebida e alterará seu sabor e a temperatura correta na qual deveria ser servida.

Fonte de dados históricos: http://br.geocities.com/cervisiafilia/cervmundo.htm

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Cerveja do tempo dos faraós

Através dos papiros, das pinturas, da escultura e também dos restos arqueológicos encontrados, sabe-se que a cerveja e o pão eram a base da alimentação dos egípcios nos tempos dos Faraós.

Se não foram eles que a inventaram (e já sabemos que é muito difícil chegar à origem da bebida na mesa dos seres humanos), foram os egípcios que a aprimoraram.


E tem mais: já naquela época, há cinco milênios, existiam vários tipos de cerveja, feitas a partir da fermentação da tâmara, de figos, a partir de tremoços, mel e semente de gergelim.

Esta informação pode ser conferida no livro "História da Cozinha Faraônica - A Alimentação no Egito Antigo" (Editora Senac), escrito por um dos mais renomados egiptólogos do mundo, o francês Pierre Tallet.

Antes disso, em 2004, uma empresa japonesa conseguiu recriar a cerveja dos faraós, a partir da receita encontrada em inscrições nas paredes de tumbas feitas a mais de 4 mil anos.

" Eles socam e trituram os grãos de cevada à mão. Com a farinha, fazem pão, que é assado num forno a lenha construído por artesãos egípcios. Depois, pedacinhos do pão são postos para fermentar junto com vinho de tâmara. O líquido é coado numa peneira de palha e a cerveja está pronta. A bebida é mais grossa e mais adocicada do que as cervejas atuais e não tem gás" (Revista Época, 08/06/2004). Mas os empresários japoneses informaram que não pretendiam produzir a bebida comercialmente. Ficaria caríssima, seu gosto é estranho, não tem colarinho... A experiência fez parte de um projeto de resgate da história da nossa bebida predileta.

Então, um brinde aos "arqueólogos da cerveja"!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A degustação da cerveja começa pelo olfato

Você, adorador de Cevada & Lúpulo como nós, já assisitiu a alguma degustação de vinho e morreu de inveja do ritual? Pois não morra! Degustação de cerveja também tem seu próprio ritual e exige experiência e dedicação. E cerveja... e chopp, tanto quanto vinho, se começam a degustar pelo nariz.
Uma dica de ouro: anote, anote suas sensações e impressões. O especialista Conrad Seidl, em seu Catecismo da Cerveja, aqui publicado pela Editora Senac, informa que ele anota algumas palavras para cada cerveja, que depois avive sua memória.

Alguns itens a observar (e anotar):
  • Cor: Todo apreciador desta bebida sabe que a cor da cerveja e do chopp variam por toda a gama de amarelos e marrons (para chopp escuro, por exemplo), passando pelo âmbar.
  • Transparência: o chopp é cristalino (Pilsener), levemente turvo, ou opaco?
  • Espuma: é de poros finos, branca e brilhante ou sua cor foi alterada pelo malte e por restos da levedura? Muda rapidamente (no tempo de fazer as anotações) ou fica estável?
  • Aroma: a bebida tem aroma de lúpulo, grama, feno, cereais, pão, levedura, ácido (neste caso seria um erro para alguns tipos de cerveja). Mas confira o que diz seu nariz com o que informa sua língua: prove o primeiro gole, sabendo que a primeira sensação sempre vem do malte, mais adocicado, para depois dar passagem aos outros sabores, inclusive o amargor natural e até a leve oxidação (que faz a peculiaridade das cervejas da Boêmia por exemplo).
Você sabia que há copos especiais para cada tipo de cerveja? Pois é, os frequentadores do Braun&Braun em Mury, Rio de Janeiro, sabem disso tão bem, que Jorge Brauniger, o proprietário que percorre o Brasil atrás de novidades para seu cardápio super especializado de cervejas, acabou tendo que vender-lhes os copos em seu restaurante!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

30 de agosto: III Concurso Nacional das ACervAs

Pelo terceiro ano consecutivo a Associação dos Cervejeiros Artesanais (ACervAs) promove o Concurso Nacional de Cervejas Artesanais, reunindo produtores de Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo. Este ano haverá a participação também de microcervejeiros argentinos e norte-americanos no que pretende ser a maior festa já realziada de cervejeiros artesanais. Para o evento, virá o Sr. Westemeier, Presidente da BJCP (Beer Judge Certification Program), o mais renomado e conhecido programa de certificação de cervejas artesanais.

O que isso tema ver com chopp? No caso tudo: a COLDMIX foi convidada a participar da festa, com suas máquinas, as belas e eficientes chopeiras CM 70, que servirão o chopp com a cerveja produzida pelos microcervejeiros.

Assim que for divulgada a agenda do evento, nós a publicaremos neste espaço!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Cervejas Artesanais em alta!

Uma reportagem publicada na Revista Paladar, do Jornal O Estado de São Paulo, dia 1 de maio, comprova o que nós, apreciadores de cerveja, há muito já sabemos: as cervejas artesanais estão em alta no Brasil (e há mais tempo, no mundo). Com o sugestivo título de "Colarinho Feito à Mão, a revista na verdade estava promovendo uma segunda degustação de cervejas artesanais, da qual participaram dez produtos. A primeira edição do concurso tinha ocorrido em 2006, quando, segundo o repórter, tinha sido difícil selecionar dez participantes. Na versão 2008, ao contrário, havia mais de cem boas cervejas "feitas em casa".

Apesar da concorrência das grandes cervejarias nacionais e também das cervejas alemães e tchecas, é cada vez maior o número de pessoas que se aventuram na empreitada de produzir a bebida em pequena escala, seja para degustação própria, ou para iniciar um pequeno negócio.

Há cuidados a seguir, com a qualidade e com o processo de fabricação. Uma boa ajuda para quem quer começar são as dicas gratuitas "Como produzir meu primeiro Chopp", do especialista John Palmer, que nós da COLDMIX oferecemos aos interessados.

Um sucesso também é o mini-curso de Leonardo Botto, cervejólogo carioca e produtor artesanal caseiro de cervejas, com vários prêmios acumulados internacionalmente. Botto tem um calendário intenso, e o próximo curso no Rio de Janeiro, vai acontecer dia 19 de julho.